Exame importante para rastreamento e acompanhamento de pacientes com câncer, o PET-CT só está disponível hoje em oito Estados brasileiros, conforme os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Datasus. A tecnologia começou a ser oferecida na rede pública no ano passado para quatro tipos de tumor — pulmão, colorretal, linfoma hodgkin e não-hodgkin — e com a promessa do Ministério da Saúde de que o equipamento estaria disponível em 21 Estados.
O número de aparelhos do tipo existentes hoje no SUS até chega perto desse número, mas a distribuição desigual pelo país faz com que o exame esteja disponível para poucos. São 19 equipamentos distribuídos entre Bahia, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, onde estão localizadas oito máquinas. Nenhum Estado de Norte e Centro-Oeste tem a tecnologia.
Presidente da Oncoguia, organização não-governamental de apoio a pacientes com câncer, Luciana Holtz explica que os próprios gestores de saúde de localidades sem o exame não sabem lidar com o paciente que precisa passar pelo procedimento. “Já teve secretaria de saúde ligando para a gente para saber o que fazer. Não adianta dizer que está disponível na rede pública e não garantir o acesso universal e igualitário”, afirma.
Moradora de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a dona de casa Rosemeire Alves Campos de Oliveira, de 48 anos, foi informada pelo próprio médico que, embora ela tenha a necessidade de um PET, o SUS local não poderia oferecê-lo. Diagnosticada com câncer de pulmão em março deste ano, a paciente recebeu o encaminhamento para pagar o exame em uma clínica particular. “O médico me disse que, se me desse um encaminhamento do SUS, eu entraria na Justiça, obrigando o hospital a pagar, e ele ficaria ‘queimado’ lá. Foi quando minha família e uns conhecidos fizeram uma vaquinha”, conta ela.
Com a participação de parentes, amigos e vizinhos, Rosemeire conseguiu juntar os R$ 4 mil necessários para fazer o exame na rede particular, mas, daqui a dois meses, terá de passar por um novo exame do tipo e não sabe o que fazer. “Eu não tenho cara para pedir dinheiro para mais ninguém. E eu e meu marido ganhamos R$ 2 mil. Não dá para pagar”, afirma. Segundo a dona de casa, o exame será imprescindível para saber se a quimioterapia está funcionando.
Agressividade
“O PET é importante porque consegue não só ver o tamanho do tumor, mas a sua atividade metabólica, ou seja, sua agressividade, além de fazer um rastreamento no corpo inteiro para ver possíveis metástases”, explica Eduardo Nóbrega Pereira Lima, diretor do serviço de medicina nuclear e PET do A.C. Camargo Cancer Center, primeiro hospital a oferecer o procedimento no Brasil, em 2001. Hoje, a unidade faz 350 exames do tipo por mês, dos quais 10% são pacientes do SUS, atendidos por meio de convênio com a rede pública.
O Ministério da Saúde informou que o SUS oferece outras tecnologias de imagem utilizadas para diagnóstico do câncer e para definição de sua localização e extensão (estadiamento), entre eles radiografia, mamografia, cintilografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética. A pasta não informou como um paciente com indicação de PET deve proceder se o aparelho não estiver disponível em seu Estado.
Sobre o caso de Rosemeire, a Secretaria Estadual da Saúde de Mato Grosso do Sul informou que Campo Grande está habilitada pelo ministério para a realização de PET-CT por meio de um convênio entre a secretaria municipal e uma instituição particular, mas disse que o caso de Rosemeire está sendo acompanhado pelo município. A Secretaria da Saúde de Campo Grande não respondeu aos questionamentos da reportagem.(As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)
Be the first to comment