Casos de hanseníase crescem 20% em 1 ano

O número de pessoas diagnosticadas com hanseníase  (ou lepra) em Salvador aumentou 20% no ano passado, em relação às ocorrências em 2013. Em 2014, foram registrados 340 casos da patologia. No anterior, 273.

O subcoordenador da vigilância epidemiológica do município, Ênio Soares, afirma que o aumento está relacionado à intensificação de ações para a busca de novos casos.

“O crescimento de notificações da patologia não quer dizer que tivemos maior incidência de hanseníase na cidade. Mas ao fato de que mais pessoas tiveram acesso aos postos de saúde, o que contribuiu para a identificação de novos acometidos”, esclarece Soares.

Salvador é divida em 12 distritos sanitários e possui 80 postos de saúde capacitados para atender à demanda de hanseníase. As regiões que têm mais ocorrências são Subúrbio, São Caetano/ Valéria e Itapuã. O Centro Histórico não possui registro de casos.

Morador da Federação, Jonas Souza, 46 anos, foi liberado do tratamento na segunda-feira, 26. Ele passou um ano tomando remédios disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

“A doença pega qualquer um. Não tem hora nem lugar. Mas basta diagnosticar que o procedimento é tranquilo. Além disso, é necessário cuidar de toda a família”, conta Souza.

Contaminação

Segundo a médica Camila Lyra, a contágio acontece por  vias respiratórias –  tosse, espirro, conversas. Por isso, familiares e pessoas que convivem com os doentes precisam tomar a vacina BCG, para não desenvolver a enfermidade.

“Muita gente tem contato com a bactéria da hanseníase [Mycobacterium leprae], mas não adoece. Ela é muito infectante, mas pouco patogênica, porque em muitos casos a imunidade de cada pessoa consegue controlar o bacilo”, explica a médica, que  alerta para importância do diagnóstico precoce.

“Quando a detecção ocorre no início da contaminação, o processo de tratamento pode durar de seis meses a um ano, sem deixar sequelas. Mas, quando a patologia está avançada,  o que se inicia como problema dermatológico se transforma em um caso neurológico, podendo deixar consequências irreversíveis”.

Entre os distúrbios que podem ser causados pela hanseníase estão: lagoftalmo (incapacidade de fechar os olhos completamente), mão em garra (quando o paciente perde a mobilidade das mãos), perda da sensibilidade da pele, o que pode causar acidentes, como queimaduras e ferimentos.

Na Bahia

As ocorrências de hanseníase no estado chegaram a 2.227 em 2013. O número de casos em 2014 ainda não foi contabilizado.

Do total de registros feitos em 2013, 162 são de crianças, fato que preocupa Fátima Correia, coordenadora do programa de combate à doença.

Segundo ela, o número de casos entre crianças de 5 a 14 anos tem a ver com o fato de as pessoas acreditarem que a hanseníase não existe mais.

“O período de encubação [tempo em que a doença ainda não se manifestou] da bactéria pode chegar a cinco anos, tornando-a silenciosa e perigosa para as crianças”, pontua Fátima.

O Brasil é o segundo país com maior número de casos de hanseníase, ficando atrás apenas da Índia. A Bahia está entre as regiões com mais ocorrências da patologia.

De acordo com Fátima Correia, os registros se concentram no norte,  oeste e  extremo sul do estado. “Precisamos divulgar a importância de detecção da doença para que ela seja extinta”, frisa ela.

Ação de conscientização é promovida até o dia 30

A Semana de Mobilização para o Controle da Hanseníase – iniciada na segunda pelas secretarias da Saúde do município e do estado – promove ações de conscientização sobre detecção e  tratamento da doença até o dia 30.

A campanha marca o  Dia Mundial de Luta Contra a  Hanseníase, comemorado no último domingo de janeiro – neste ano, dia 25. Durante a semana haverá   atividades educativas nas unidades de saúde do município.

O objetivo é aumentar o diagnóstico precoce e a intensificar a busca de casos por agentes comunitários. Palestras e rodas de discussão visam esclarecer à população.

SintomasA médica Camila Lyra chama a atenção para o sintoma mais comum, que é uma mancha esbranquiçada na pele, além de falta de sensibilidade no local.

“A mancha não coça, não dói, e a pessoa não  sente mudanças de temperatura no local. Para diagnosticar, fazemos exame clínico tátil (passa algodão), térmico (com gelo ou calor) e doloroso (pressiona um bisturi)”, explica.

Fonte: http://atarde.uol.com.br