O Centro de Operações também será responsável pelo envio de equipes para auxiliar os municípios na investigação em campo, clínica e laboratorial, bem como o estabelecimento de um plano para controle das microcefalias e redução dos agravos. “Caso necessário, o envio de recursos adicionais será realizado”, afirma o secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, complementando que está em produção uma nova campanha de mobilização, envolvendo a população e os gestores municipais.
Ações
O Governo da Bahia vem desde o início do ano implementando uma série de ações de combate ao mosquito Aedes aegypti. Entre elas, destaque para o desenvolvimento de um teste rápido, que associado a um smartphone com GPS, permite, simultaneamente, o georeferenciamento (google maps) dos casos, a fim de controlar rapidamente os surtos, bem como ter o resultado em apenas 20 minutos, o que antes demorava até 60 dias. Esta foi uma ação inédita no país e os primeiros municípios a dispor do teste rápido foram Feira de Santana, Riachão do Jacuípe e Ribeira do Pombal.
Em consonância com o Plano Estadual de Intensificação das Ações de Enfrentamento de Epidemias e os debates realizados no âmbito do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Fábio Vilas-Boas, que também é vice-presidente da instituição, participará de uma reunião em Brasília, na próxima quarta (9). O objetivo é alinhar as estratégias com os demais estados brasileiros, ação similar que a Secretaria da Saúde da Bahia realizou junto à região Nordeste.
Na oportunidade, os secretários de saúde unificarão as estratégias de modo a encaminhar as demandas em bloco para o Ministério da Saúde. Entre as propostas da Bahia, propõe-se a liberação de verba suplementar do Governo Federal, da ordem de R$ 15 milhões, para as ações de intervenção e contenção do processo epidêmico, além de fornecimento emergencial do suprimento de larvicidas e adulticidas, bem como agilização dos resultados dos exames laboratoriais enviados para o Instituto Evandro Chagas (IEC), laboratório de referência para Zika, até a implantação da técnica no Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz (Lacen), na Bahia.
Os recursos servirão ainda para adquirir novos pulverizadores costais, testes rápidos para diagnóstico de dengue e chikungunya, bem como ampliar o projeto do Aedes transgênico, em Juazeiro.
Dados
Até o dia 1º de dezembro de 2015, foram notificados 112 casos suspeitos de microcefalia, identificados em 34 municípios, dos quais 26 foram confirmados. Este número seguia o padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde, no qual considerava microcéfalos os bebês que tenham perímetro encefálico igual ou inferior a 33 centímetros. Desse total, foram notificados seis óbitos nos municípios de Salvador (1), Itapetinga (1), Olindina (1), Tanhaçú (1), Camaçari (1) e Itabuna (1).
No entanto, se aplicarmos o critério adotado a partir de ontem (3), pelo Ministério da Saúde, em consonância com a Organização Mundial de Saúde (OMS), no qual considera o perímetro encefálico igual ou menor que 32 centímetros, a Bahia possui 87 casos. Ressalta-se que há 42 notificações em que o perímetro cefálico não foi informado. Todas as notificações são investigadas e classificadas, sempre seguindo a orientação da Secretaria de Vigilância em Saúde, órgão ligado ao Ministério da Saúde.
Cabe ressaltar que a suspeita, notificação e registro oportuno de casos de microcefalia são fundamentais para desencadear o processo de investigação, visando à identificação das prováveis causas, assim como o acompanhamento da evolução destes casos. Dessa forma, todos os casos identificados de microcefalia que se enquadram na definição do Ministério da Saúde, devem ser comunicados imediatamente (até 24 h) pela equipe do estabelecimento de saúde onde foi realizado diagnóstico, por meio do formulário de notificação de ocorrência de microcefalia disponível no endereço www.resp.saude.gov.br.
Considerando o quadro epidemiológico atual, a Sesab recomenda aos Núcleos Regionais de Saúde, Bases Regionais de Saúde e às secretarias municipais de saúde as seguintes ações:
a. Divulgar aos profissionais de saúde, definição padronizada de casos suspeitos de microcefalia;
b. Notificar imediatamente os casos suspeitos, por meio do formulário de Registro de Eventos de Saúde Pública referente às microcefalias (RESP – Microcefalias), no endereçowww.resp.saude.gov.br e no Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) conforme orientação;
c. Divulgar para a população, em especial mulheres em idade fértil e gestantes, medidas de proteção individual, mesmo sem evidências até o momento de relação causal de qualquer enfermidade e agravo prévio;
d. Reforçar as ações de prevenção e controle vetorial (a exemplo da eliminação dos criadouros do mosquito Aedes aegypti) nas áreas urbanas e periféricas.
e. Reforçar a importância do registro no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) dos casos de notificação compulsória ocorridos durante a gestação, especialmente sífilis, toxoplasmose, HIV, dengue, chikungunya e zika.
Considerando a possibilidade de associação da microcefalia com doenças infecciosas ou outras causas, recomenda-se aos serviços e profissionais de saúde que informem a todas as gestantes e mulheres em idade fértil, com possibilidade de engravidar, que:
1. Devem ter a sua gestação acompanhada em consultas pré-natal, realizando todos os exames recomendados pelo seu médico;
2. É importante a atualização das vacinas de acordo com o calendário vacinal do Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde:
3. Não devem consumir bebidas alcoólicas ou quaisquer tipos de drogas;
4. Não utilizar medicamentos sem a orientação médica;
5. Evitar contato com pessoas com febre, exantemas ou infecções;
6. Adoção de medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doenças, com a eliminação de criadouros (retirar recipientes que tenham água parada e cobrir adequadamente locais de armazenamento de água);
7. Tentar se proteger de mosquitos, com medidas como manter portas e janelas fechadas ou teladas, usar calça e camisa de manga comprida;
8. Consultar o médico sobre o uso de repelentes e verificar atentamente, no rótulo, a concentração e definição da frequência do uso para gestantes;
9. Se houver qualquer alteração no estado de saúde, principalmente no período até o 4º mês de gestação, ou na persistência de doença pré-existente nessa fase, comunicar o fato aos profissionais de saúde (médicos obstetras, médico ultrassonografista e demais componentes da equipe de saúde) para que tomem as devidas providências para acompanhamento da gestação.
Número e percentual de casos suspeitos de microcefalia notificados, segundo perímetro cefálico (em centímetros). Bahia, 2015.
Seja o primeiro a comentar