Preocupadas com a relação entre o zika vírus e os casos de microcefalia, mulheres que moram em São Paulo e as que vêm à capital paulista para fazer reprodução assistida estão adiando os planos de gravidez. Já as gestantes começam a redobrar os cuidados com o Aedes aegypti.
Uma mulher de 40 anos, que não quis ser identificada, estava tentando engravidar naturalmente havia um ano e, desde a metade de novembro, iniciou um tratamento em uma clínica de reprodução. Com os informes sobre a microcefalia, resolveu adiar os planos. “Tenho acompanhado desde as primeiras notícias e continuei o tratamento até o momento em que o embrião ficou pronto. Mas decidi aguardar para fazer a transferência do embrião, porque a situação está muito incerta. Vou acompanhar as pesquisas para decidir.”
Moradora de João Pessoa (PB), a dentista Pricila Pereira, de 38 anos, tentou engravidar em uma clínica em novembro deste ano, mas o resultado deu negativo. Com a situação dos casos de microcefalia mais crítica, resolveu não avançar nas tentativas. A Paraíba é o segundo Estado com mais casos da má-formação, totalizando 248 registros, conforme o balanço mais recente divulgado pelo Ministério da Saúde. “Como moro no Nordeste, vou esperar para ver como vão ficar as próximas pesquisas e vou deixar para o ano que vem. Vou adiar sem data marcada, sem planejar.”
Apesar de ter tomado a decisão, Pricila afirma que está desapontada com o fato de a doença ter interferido em seu sonho de ser mãe. “É um transtorno. Muitas mulheres já têm dificuldade para engravidar com o tratamento e é mais um problema para pensar. É prejudicial.”
Eduardo Motta, ginecologista e sócio-diretor da Huntington Medicina Reprodutiva, diz que o número de mulheres de São Paulo que adiaram o plano de engravidar ainda é inexpressivo, mas há mais casos entre as futuras gestantes que vêm do Nordeste. “Ainda não tem o pânico em São Paulo, mas todas querem informações. Acredito que 20% das mulheres do Nordeste pensam em desistir”, diz, levando em consideração as pacientes da clínica.
Artur Timerman, presidente da Sociedade Brasileira de Arboviroses e infectologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, recomenda que as mulheres repensem os planos de engravidar neste momento. “Devemos aconselhar todas as mulheres que querem engravidar que esperem que essa situação seja elucidada de forma adequada.”
Cuidados
Grávida de 4 meses, a gerente de pesquisa de mercado Simone Queiroz, de 33 anos, aplica repelente a cada seis horas e não usa mais vestidos. “Eu e outras grávidas estamos até querendo que esvaziem a piscina do prédio.”
A publicitária Paula Thomaz, de 38 anos, redobrou os cuidados em casa. “Como tenho dois cachorros, estou trocando a água e procuro não acumular o lixo. Sei que não tem nada na minha casa, mas tenho medo dos vizinhos.”
Paula também está apostando nos repelentes. “Não coloquei tela nas janelas. Se piorar, penso em colocar.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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